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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A escolha do vazio


Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.
O tentador aproximou-se dele e disse: "Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães".
[Mateus 4. 2e 3 Bíblia NVI]
Então Pilatos lhe perguntou novamente: "Você não vai responder? Veja de quantas coisas o estão acusando".
Mas Jesus não respondeu nada, e Pilatos ficou impressionado.
[Marcos 15. 4 e 5 Bíblia NVI]

Por fim, depois de quarenta e cinco minutos ao todo, este sujeito supostamente frio sentou-se de novo na sua poltrona com expressão dorida no rosto e disse:

- Eu sinto muito. Não posso ajudá-lo. Eu não tenho conselho algum para lhe dar.
- Sabe - ele continuou- , é impossível uma pessoa pôr-se completamente no lugar de outra. Mas até onde me é possível pôr-se no seu lugar - e eu acho bom não estar ali- não sei o que faria se eu fosse você. Então, sabe como é, não sei que conselho lhe dar. Eu lamento não ter condições de ajudá-lo.

É bem possível que aquele homem tenha salvado minha vida. Porque quando entrei no escritório do Sr. Lynch naquela manhã a mais ou menos quarenta e cinco anos, eu estava perto do suicídio. E quando saí, sentia como se tivessem tirado uma tonelada das minhas costas. Isto porque se um gênio não sabia o que fazer, estava certo para mim não saber o que fazer[...].

Foi assim que aquele homem, que não tinha respostas nem fórmulas prontas, que não sabia o que eu devia fazer e preferiu praticar o vazio, foi quem proporcionou a ajuda de que eu precisava.

Foi aquele homem quem me escutou, me deu seu tempo, tentou pôr-se no meu lugar, abriu-se e sacrificou-se por mim. Foi aquele homem quem me amou. E foi aquele homem quem me curou.
[Além da trilha menos percorrida - M. Scott Peck]


[Publicado inicialmente em http://devocionaisdiarios.blogspot.com/]