"A natureza do amor-próprio e deste ego humano é amar e considerar apenas o eu. Mas que deve fazer o homem? Ele não pode impedir que esse objeto de seu amor seja repleto de falhas e carências. Quer ser grande, e se vê pequeno. Quer ser perfeito, e se vê cheio de imperfeições. (...) O embaraço em que se encontra produz nele uma inimizade mortal contra a verdade que o reprova e o convence de suas falhas. Ele gostaria de aniquilar essa verdade (...) ele dedica toda atenção a esconder as próprias falhas, quer dos olhos alheios, quer de si mesmo ..."
Blaise Pascal - Pensamentos.
"Sem conhecimento de si mesmo não há conhecimento de Deus."
João Calvino - Institutas da religião cristã.
"A auto-aceitação é a essência do problema moral como um todo e o epítome de uma perspectiva integral para a vida. Que dou comida aos pobres, que perdôo um insulto, que amo meu inimigo em nome de Cristo - todas essas são, sem dúvida, grandes virtudes. O que faço para o menor dos meus irmãos, o faço para Cristo. Mas, e se descubro que o menor entre todos eles, o mais pobre de todos os mendigos, o mais pervertido de todos os infratores, o próprio inimigo em pessoa - todos estão dentro de mim, e que eu mesmo preciso das esmolas de minha benevolência; que eu mesmo sou o inimigo que precisa ser amado? E aí? Via de regra, nesse caso, revertemos a atitude cristã. Deixa de ser uma questão de amor ou longanimidade. Dizemos ao irmão dentro de nós: "Raca". Condenamos e nos enfurecemos contra nós mesmos. Escondemos isso do mundo; nos recusamos até mesmo a admitir que encontramos esse menor entre os menores dentro de nós."
Carl J. Jung - Modern Man in Search of a Soul, p.235
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